ANAIS/RESUMOS - 2011

III CONGRESSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO AMAPÁ

COMUNICAÇÃO
SESSÃO: 01 
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1.1 – A DESCENTRALIZAÇÃO DO MONOPÓLIO DA VIOLÊNCIA: UMA DISCUSSÃO TEÓRICA
Benedita Alves Sardinha¹
Geane Cardoso Marinho¹
Thais Mendes Santos¹
RESUMO: A presente comunicação buscará fazer algumas análises críticas acerca da abordagem clássica de Max Weber sobre o monopólio da violência física, ao qual o Estado reivindica como um instrumento legítimo do seu poder. A partir do crescente processo de globalização e os novos arranjos sociais, a violência enquanto um fenômeno de ordem social torna-se suscetível a mudanças e a novas representações. O sociólogo Michel Wieviorka analisando tais mutações, compreende que o paradigma tradicional torna-se insuficiente para explicar os diversos desdobramentos que o meio social sofre a partir dessa interligação global. Nesse sentido busca-se apontar a pertinência dessa ruptura teórica na abordagem atual da violência.  Assim, compreende-se que fenômenos dessa complexidade se inserem tanto no nível macro quanto micro no que se refere tanto ao Estado como a outras instituições que compõe o corpo social.  Portanto, a polarização do binômio Estado-Sociedade é pouco sustentável na contemporaneidade, uma vez que esta apresenta novas configurações que atingem a percepção e a legitimidade da violência em diferentes contextos, sendo exemplos, as economias subterrâneas e violências manifestadas em instituições que historicamente estão “imunes” de manifestações violentas, como por exemplo, a família, a escola, entre outras.

PALAVRAS-CHAVES: Estado, Violência e Descentralização. 
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¹ Acadêmicas do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amapá e bolsista do Programa de Educação Tutorial-PET/CS. Trabalho orientado pelo Prof. Dr. Ed Carlos Guimarães (UNIFAP).
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1.2 – DO CONCEITO À AÇÃO: A PRÁTICA PEDAGÓGICA NAS QUESTÕES DE GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL
Kamila Brasil Azulay¹
RESUMO: A pesquisa intitulada “Do conceito à ação: a prática pedagógica nas questões de gênero e diversidade sexual” pretende descortinar as questões de gênero e diversidade sexual que foram mantidas às escuras pelas instituições de ensino de todos os níveis durante muito tempo, sendo tratadas como tabus por educadores, alunos e familiares. Essa realidade é resultado de uma sociedade discriminatória e se concretiza em um modelo de escola que reproduz estereótipos e preconceitos. De acordo com as transformações sociais ocorridas nas últimas décadas, tem-se percebido a necessidade de abordagem de temas como sexualidade e diversidade dentro do ambiente educacional, o que exige dos profissionais que nele atuam competências e capacidades específicas. Nesse trabalho buscamos identificar os gargalos e fragilidades na prática pedagógica para combater e superar as distorções que geram desigualdade sexual e de gênero em âmbito universitário, buscando identificar na prática pedagógica a reprodução dos estereótipos sexuais, relacionando a formação dos futuros professores à manutenção dos padrões discriminatórios; verificando a existência da temática - gênero e diversidade sexual - nos planos de ensino das disciplinas ofertadas e analisar a presença/ausência da temática dos planos de curso das licenciaturas. É uma pesquisa de campo, pois permite considerar aspectos quantitativos e aspectos qualitativos retratando o conhecimento dos professores e acadêmicos das licenciaturas sobre temas referentes a diversidade. Trata-se de uma pesquisa descritiva-analitica utilizando-se entrevistas semi-estruturada com os professores e coordenações de curso, observação participante, análise de documentos das coordenações de curso e questionários fechado aos alunos. Os resultados tentarão demonstrar, através da prática pedagógica, o caminho para que se fomente o respeito aos direitos humanos como condição primeira para uma (re)construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Esta pesquisa está vinculada ao Programa de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC/UEAP.

PALAVRAS-CHAVE: Prática Pedagógica, Gênero, Diversidade, Formação Inicial de Professores
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1. Acadêmica do curso de Licenciatura em Letras da Universidade do Estado do Amapá e Bolsista do PIBIC-UEAP. Trabalho Orientado pelo Profª. Msc. Heryka Cruz Nogueira (UEAP)  e Profª. Msc. Idelta Bianca de Sousa Diniz (UEAP).
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1.3 – A EDUCAÇAO SUPERIOR NA MODALIDADE À DISTÂNCIA PARA OS IDOSOS DO MUNICÍPIO DE MACAPÁ
Heryka Cruz Nogueira¹
Iranir Andrade dos Santos²
Ivan Andrade dos Santos³
RESUMO: Este trabalho analisou o idoso com idade a partir dos 50 anos no Município de Macapá com formação superior a fim de diagnosticar e compreender em que tipo de modalidade este idoso está inserido e quais as formas de inclusão e exclusão encontradas por eles no mercado de trabalho, bem como compreender sua visão no que se refere ao docente com formação universitária na modalidade à distância. No Brasil, quando se relaciona idoso e mercado de trabalho tem-se um retrato típico da exclusão social e da discriminação. Observando o contexto específico da cidade de Macapá, o retrato nacional se repete. Para a realização da pesquisa a metodologia utilizada foi investigação bibliográfica, pesquisa de campo, tendo como suporte a aplicação de questionário-misto; coleta de dados em órgãos públicos e entrevistas com os idosos. Por fim, foi utilizada pesquisa de campo exploratória, com registro fotográfico; seguiu-se à análise e interpretação dos dados coletados, categorização, tabulação e codificação dos mesmos. Constatou-se que o mercado de trabalho de Macapá não absorve a mão-de-obra idosa e coloca este segmento da população em situação menos favorecida em relação aos demais trabalhadores com faixa etária abaixo dos 50 anos, como também o crescimento da modalidade de ensino à distancia para um público até então jovem e para esse segmento ainda não há. A pesquisa apontou o despreparo do mercado de trabalho macapaense para receber o idoso, deixando este relegado à condição de exclusão social.

PALAVRAS-CHAVE: Idoso, mercado de trabalho, docência, exclusão, EAD.
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1 Pedagoga, Especialista em Planejamento e Políticas Educacionais e Mestranda em Ciências da Educação
2 Socióloga, Especialista em Docência do Ensino Superior e Mestranda em Ciências da Educação.
3 Historiador, Mestrando em Ciências da Educação.
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1.4 – A FORTALEZA DE SÃO JOSÉ DE MACAPÁ NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA

Lilian de Oliveira Pinto¹
Silvia Helena Alberto Trindade¹

RESUMO: A construção da fortaleza de São de Macapá faz parte de um programa de profunda reorganização da administração da coroa portuguesa na colônia brasileira, o período pombalino, que apresentou um marco no processo geopolítico brasileiro nos séculos XVII e XVIII, com uma política que propunha, sobretudo, promover o povoamento do território e garantir sua defesa e sua posse. Durante a colonização da Amazônia, foi invadida, contestada e cobiçada por franceses, ingleses e holandeses. Uma fortificação que levou 18 anos para ser construída, em um ponto estratégico às margens do rio Amazonas, sendo uma das maiores fortificações erguida na Amarica Latina durante a colonização portuguesa. Nosso trabalho busca compreender a importância da Fortaleza de São José de Macapá no projeto de defesa da Amazônia, apresentando o significado defensivo que possuía. Trata-se de pesquisa histórica ainda em fase de execução. Até então, as fontes históricas analisadas apontam para o fato de que, dependendo do contexto histórico, a Fortaleza de São José de Macapá representa significados múltiplos.

PALAVRAS-CHAVES: Amazônia, História, Projeto Pombalino e Fortaleza
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1 Acadêmicas do Curso de História da Universidade Federal do Amapá. Trabalho Orientado pela Profª. Msc. Iza Vanesa Pedroso de Freitas Guimarães (UNIFAP).
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COMUNICAÇÃO
SESSÃO: 02
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1.5 - “PALCO, PLUMAS, PAETÊS, PURPURINA, PERUCÃO... O SHOW VAI COMEÇAR!”: UMA LEITURA SOBRE O UNIVERSO “ESPETACULARIZANTE” DA TRAVESTI E SUA IDENTIFICAÇÃO COM A “GLAMOUROSA” IMAGEM DA MULHER.

Marco Aurélio Tavares Saraiva¹
RESUMO: Dentre as diversas expressões da sexualidade humana está à travesti, indivíduo homossexual que se realiza plenamente quando se traveste de mulher, expressando sua identidade no corpo feminino e, no comportamento desse gênero, fugindo das amarras sociais e institucionais.Nesse sentido, o presente Trabalho de Conclusão de Curso visa investigar os processos sociais e subjetivos de formação da vida destas, a partir das suas identidades construídas no palco.A pesquisa é de cunho qualitativo, realizada com entrevistas acinco travestis que trabalham com shows em Macapá, bem como observações as suas atuações.Dentre os resultados, busca-se evidenciar os sentimentos expostos por elas quanto a sua auto-percepção frente à sociedade. Também se analisa o discurso exposto nas entrevistas para desmistificar a apresentação do sujeito nos palcos. Outro aspecto é perceber a generalização hostil da sociedade, observando que não se consegue fazer distinção entre as travestis que se prostituem com as que tem outro labor, excluindo-as do mercado de trabalho formal, negando-lhe a cidadania, e como o fenômeno de expansão urbana caracterizando-as como sujeitos pós-modernos. Conclui-se, com isso, perceber que a identificação que este sujeito apresenta em suas representações performáticas lhe atribui notoriedade social, justificando sua aceitação, daí sua identificação com as “divas”, estabelecendo uma moeda de troca com a sociedade e a personagem, entre lazer e aceitação.

PALAVRAS-CHAVE: Travesti, Pós-modernismo, Subjetividade, Sexualidade.
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1. Aluno do Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amapá. Trabalho Orientado pelo Profº. Msc. Richard Douglas Coelho Leão (UNIFAP).
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1.6 – RAZÃO INSTRUMENTAL E MODERNIDADE: TRANSFORMAÇÕES E INCERTEZAS ATRAVÉS DA TÉCNICA CIENTÍFICA
Miquéias Serrão Marques¹

RESUMO: O respectivo trabalho propõe analisar o alvorecer da ciência na modernidade e a proposta de emancipação do homem dos mitos, dogmatismos e da ignorância frente aos fenômenos presentes no mundo. Verifica-se que tal saber racional ao procurar responder os questionamentos e dúvidas do homem moderno de forma metódica e racional traz para a realidade novas formas de dominação. Destacando o discurso científico que buscou libertar de todas as interrogações e formas de explicações mágicas da realidade que não podiam ser colocadas sob medição e cálculo científico, percebe-se que o cultivo irrefreado desse conhecimento colocou o indivíduo moderno diante de novos paradoxos. A partir da análise sobre o “desencantamento do mundo” do sociólogo Max Weber destacar-se-á as transformações no âmbito cultural das esferas sociais. Também por meio do instrumental teórico de T. Adorno e M. Horkheimer na “Dialética do esclarecimento” propõe-se explorar algumas críticas a respeito da própria condição totalitária do conhecimento científico sobre as outras formas de saber através do domínio técnico-científico.

PALAVRAS-CHAVE: Ciência, dominação, contemporaneidade.
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1. Graduando e bolsista do PET (Programa de Educação Tutorial) do curso de ciências sociais da Universidade Federal do Amapá. Trabalho Orientado pelo Profº. Dr. Ed Carlos de Sousa Guimarães (UNIFAP).
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1.7 – GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL: O VISÍVEL, INVISÍVEL
Miquelly Pastana Tito¹
RESUMO: Há muito as discussões sobre cidadania se faz presente nos cursos de formação inicial de professores tendo como mote principal a formação do homem integral. A formação desse homem integral pressupõe, a priori, a inclusão de todos os segmentos da sociedade, independentemente da condição social, raça, credo, idade ou orientação sexual. A pesquisa tem como objetivo identificar conceitos e preconceitos de gênero e diversidade sexual na formação inicial de professores, de forma a demonstrar que o discurso nem sempre reflete a realidade, investigando ainda os mecanismos de discriminação nas práticas universitárias. A abordagem quali/quantitativa permite uma análise mais completa do fenômeno estudado. Sendo a pesquisa de caráter exploratória e descritiva os dados serão registrados, classificados e interpretados usando técnicas padronizadas de coleta de dados. Ao identificar conceitos e preconceitos no âmbito universitário, tornando visível algo que se esforça para se manter invisível, os resultados da pesquisa serão relevantes para contribuir na ampliação e disseminação do respeito à diversidade legitimando assim, o combate ao preconceito e à discriminação de grupos que não se insiram dentro dos padrões culturais de identidade de gênero e/ou sexualidade. Esta pesquisa está vinculada ao Programa de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC/UEAP.

PALAVRAS-CHAVE: Preconceito, Gênero, Diversidade sexual, Formação inicial de professores. 
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1. Acadêmica do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade do Estado do Amapá; Bolsista do PIBIC/CNPq/UEAP. Trabalho orientado pela Profª. Heryka Cruz (UEAP), e Profª. Msc. Idelta Bianca de Sousa Diniz (UEAP).
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1.8 – DILEMAS FILOSÓFICOS DO MATERIALISMO HISTÓRICO: A EMERGÊNCIA DE UM NOVO SABER
Rafael Bastos Ferreira¹

RESUMO: Este artigo vem dar continuidade ao Trabalho de Conclusão de Curso: “A Natureza do Espaço em Immanuel Kant e Milton Santos: fundamentos epistemológicos e ontológicos”. Não obstante, objetiva uma reflexão no que envolve o debate filosófico e teórico-metodológico sobre os fundamentos do materialismo histórico; também busca os problemas e dilemas desta linha do pensamento que toma extensão e campo nas ciências humanas no século XX. No entanto, não faremos um levantamento bibliográfico histórico sobre esta corrente, mas sim, os rebatimentos desta na investigação da realidade e, especialmente, as consequências destes postulados no pensamento geográfico moderno. Sendo assim, o artigo versa e visa um olhar filosófico e de interpretação, para tanto, partimos de uma análise crítica-reflexiva de cunho epistemológico deste saber, que ainda é vigente, mas que se encontra em crise. À crítica não é gratuita a esta linha teórica, uma vez, que julgamos acreditar que há um mundo em transformações de base filosófica e, nesse sentido, que as ferramentas do materialismo histórico não dão mais conta de explicar certas realidades. Para tanto, esta percepção do mundo está sob um ponto de vista filosófico: fenomenologia e existencialismo. Assumindo este fundamento é assumir de antemão não mais a realidade concreta tão-somente, sob bases economicistas e de conotação técnica; o homem não tão-somente o resultado de processos, mas sim, ele mesmo um Ser que existe e acontece no mundo. Portanto, é a crise deste saber como investigação da realidade que move este artigo; que emerge para novas interpretações de cunho filosófico.

PALAVRAS-CHAVE: Filosofia; Teoria; Método; Crise; Ciências Humanas. 
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1. Acadêmico do Curso de Geografia pela Universidade Federal do Amapá, membro do Grupo de Pesquisa “Abordagens Geográficas para a Amazônia”. Trabalho Orientado pelo Profº. Dr. Roni Mayer Lomba (UNIFAP).
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COMUNICAÇÃO
SESSÃO: 03
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1.9 – A REALIDADE DO SISTEMA PENAL: ESTIGMATIZAÇÃO E REPRODUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS.
Suellen Campos de Macedo.1
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo principal propor algumas reflexões acerca da realidade do sistema penal brasileiro. Entende-se por sistema penal o conjunto de instituições que são responsáveis da apreciação a resolubilidade de crimes, tais como a polícia, o ministério público e o judiciário. Observa-se que o sistema penal está em crise, no que se refere à legitimidade do mesmo junto à população em geral, visto que, cada vez mais, ele usa medidas altamente repressoras e violentas, contra as camadas mais vulneráveis ao seu poder de criminalização. Assim, embora o sistema de justiça criminal seja eficiente para criminalizar aqueles que praticam crimes contra o patrimônio – comumente, praticados por pessoas pertencentes aos estratos sociais mais baixos – é ineficaz e cego aos crimes de “colarinho branco” praticados por políticos e grandes empresários. Por isso, seu discurso se pauta em uma verdade controversa, haja vista que liga pobreza à violência, os problemas estruturais do estado à criminalização, quando na verdade o problema está em sua seletividade, impunidade, estigmatização dos “eleitos criminosos” e em sua manutenção da escala vertical da sociedade. Esses têm sido os resultados produzidos pelo sistema penal que vem atuando à beira da legalidade pelo fato de infringir suas próprias normas, como a longa duração de processos penais, prisões provisórias que são longas demais e abusos de liberdades provisórias em especial quando os envolvidos são pessoas de poder aquisitivo ou apadrinhadas a membros do judiciário. A ineficiência do sistema penal tem-se provado através da impunidade produzida por ele. A impunidade não é algo novo, ela nasceu junto com o direito penal é parte de seus problemas estruturais, e isso não pode ser negado. Dessa forma o sistema tem servido de porta voz dos interesses neoliberais de nosso sistema econômico. Por conta de todos os motivos expostos acima é de suma importância abrir para debate esse tema.

PALAVRAS CHAVES: Impunidade. Seletividade. Criminalização. Hierarquia social. 
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1. Aluna do Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amapá. Trabalho Orientado pelo Profº. Dr. Ed Carlos de Sousa Guimarães (UNIFAP).
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1.10 – SISTEMA PENITENCIÁRIO: AGÊNCIA DE PODER RESPONSÁVEL PELA RESSOCIALIZAÇÃO OU INTENSA CRIMINALIZAÇÃO?
Tadeu Lopes Machado1
RESUMO: O presente trabalho se propõe em abrir uma discussão no campo teórico sobre a atuação do Sistema Penitenciário, como uma das agências de poder do Sistema Penal, nos casos de violência que são executados dentro do ambiente de privação da liberdade. Tal pretensão surgiu a partir do contato com bibliografias utilizadas no Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Violências e Criminalizações, do qual faço parte, como também de meu Trabalho de Conclusão de Curso. Entende-se que as diversas agências do Sistema Penal são estruturadas para funcionar segundo o padrão ideológico de defesa social como também da ideologia liberal. Dentro dessas perspectivas os crimes são hierarquizados, onde o Sistema Penal consegue administrar apenas uma pequena parcela de todos os delitos cometidos na sociedade, reproduzindo as assimetrias sociais. O Sistema Penitenciário, responsável pela execução da sentença condenatória, é a última agência do Sistema Penal por onde o criminalizado irá passar, e seguindo o formato das demais, ele tratará seu cliente de forma seletiva, excludente, utilizando-se do estigma com que este foi marcado em definitivo no julgamento. Assumindo essa postura ele não se preocupará em garantir ao apenado a reabilitação, que é seu dever. Seu papel será apenas gerencial, o que facilitará a admissão de uma consciência de “violências permitidas”. Portanto, o Sistema Penitenciário, ao assumir a mesma lógica das outras agências, intensifica o desprezo aos criminalizados, permitindo execução de diversos tipos de violência dentro do presídio e não dando o tratamento que cada crime – cometido  sob seus olhos – legalmente merece.
PALAVRAS-CHAVE: impunidade; criminalização; seletividade; violência. 
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1. Aluno do Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amapá. Trabalho Orientado pelo Profº. Dr. Ed Carlos de Sousa Guimarães (UNIFAP).
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SIMPÓSIO
SESSÃO: 01______________________________________________________

2.1 – POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE DO HOMEM: O CONFLITO ENTRE GÊNERO E INSTITUIÇÕES
Aline Bentes Monteiro¹ 
RESUMO: Em 2009 cria-se no Brasil a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) visando promover a melhoria das condições de saúde dos homens, contribuindo para a redução da morbimortalidade masculina, através do enfrentamento dos fatores de risco e da facilitação ao acesso, às ações e serviços de saúde. Objetivo: Verificar se os homens acreditam que não se cuidam, como diz a PNAISH, e indagar sobre os fatores que influenciam neste cuidado. Metodologia: utilizou-se um formulário com a afirmativa da publicidade da PNAISH, que diz: “os homens morrem mais e mais cedo que as mulheres porque não se cuidam”, pra que os entrevistados concordassem ou não com a assertiva, e o que mais influenciava neste cuidado. As respostas foram divididas em duas categorias, uma com fatores de gênero e outra com fatores institucionais. Resultados: Foram entrevistados 81 colaboradores homens de uma empresa de transporte coletivo de Macapá, destes, 95% concordaram com a afirmativa que os homens não se cuidam. 61% das explicações para o não cuidado estavam relacionadas aos fatores de gênero, como o machismo, a virilidade, invulnerabilidade, e 34,6, estavam relacionados com fatores institucionais como a falta de tempo, horários, filas, falta de serviços voltados para homens. Conclusões: fatores de gênero influenciam mais que fatores institucionais na busca do homem pelo cuidado. As estratégias da PNAISH para adesão dos homens aos cuidados e aos serviços de saúde devem ir além da disponibilidade dos serviços mais principalmente pela construção social do ser masculino.

PALAVRAS-CHAVE: Cuidado, Masculino, Morbimortalidade   
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1. Mestranda em Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Amapá.
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2.2 – AMAZÔNIA, HOMEM E NATUREZA NA NARRATIVA EUCLIDIANA

Iza Vanesa Pedroso de Freitas Guimarães¹

Resumo: O propósito deste trabalho é compreender a narrativa de Euclides da Cunha sobre a Amazônia, analisando-a na temporalidade e espacialidade em que foi produzida, tendo em vista a finalidade da viagem da Comissão Mista Brasileiro-Peruana de Reconhecimento do Alto Purus no início do século XX, atentando para o processo de recriação social da Belle Époque, promovido pelas transformações materiais e espirituais na Amazônia. Trata-se de uma análise historiográfica do que chamamos de literatura histórica. A narrativa euclidiana em estilo tropical caminha no sentido de pensar a história da Amazônia que não o dos conceitos e fatos históricos clássicos, o que Paul Veyne chamou de história não-factual, isto é, a historicidade que envolve os eventos históricos não consagrados. Apesar de um forte apelo evolucionista, o argumento de Euclides da Cunha está na contramão da história oficial e oficializada. Ele escreve a história da Amazônia, dando um tratamento especial às formas culturais nas tramas que descreve, debruçando-se sobre as relações entre a natureza e o homem.

Palavras-chave: Narrativa, História e Natureza. 
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1. Profª. Msc. Assistente da Universidade Federal do Amapá.
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2.3 – A INTERLOCUÇÃO DIPLOMÁTICA ENTRE BRASIL E FRANÇA SOBRE A FRONTEIRA AMAPÁ – GUIANA FRANCESA
Lidiane Rodrigues Vieira1

Resumo: Neste artigo, analisaremos as interlocuções realizadas por agentes locais, enfatizando agentes da política do Estado do Amapá e o Departamento ultramarino da Guiana Francesa, principalmente às dirigidas para a região de fronteira entre Oiapoque (AP) e seu homologo Saint-Georges (GF). Essa relação teve uma maior intensificação após a assinatura do Acordo - Quadro de cooperação entre França e Brasil, de 1995 até os dias atuais, sustentada no discurso de atenuar conflitos ocorridos nesta fronteira e de uma cooperação entre estas duas regiões.  Este tem suas bases no domínio de uma pesquisa etnografia das reuniões, entrevistas e análise de acordos sobre o tema (2006-2010), uma enquete bibliográfica oficial das reuniões e encontros sobre a questão. A análise indica que as negociações ora são harmônicas ora são desarmônicas e erguidas sobre um discurso de uma integração entre as duas regiões.

Palavras – Chaves: Diplomacia, Antropologia das relações Internacionais e Fronteira.
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1. Mestranda do Programa de Pós- Graduação/Mestrado em Desenvolvimento Regional-MDR (UNIFAP), graduada em Ciências Sociais.
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2.4 – ENTRE A CIDADE E O INTERIOR: ETNOGRAFIA DE UMA COMUNIDADE NO IGARAPÉ DA FORTALEZA - AP
Leone de Araújo Rocha¹

RESUMO: Este resumo trata da pesquisa em andamento no âmbito do Mestrado em Desenvolvimento Regional. Tem como objetivo geral realizar uma etnografia sobre o Distrito do Igarapé da Fortaleza como um lócus ribeirinho no contexto urbano entre as cidades de Macapá e Santana, analisando a conformação do espaço social pelos moradores, assim como os processos de intercâmbio econômico, social e cultural entre a cidade e o interior e as estratégias de construção de identidades na cidade. Será realizada uma pesquisa qualitativa. Para tanto, foi escolhido o método etnográfico como instrumento principal de coleta de dados. A escolha se justifica, pois se pretende com a pesquisa analisar a estrutura social presente no Igarapé da Fortaleza partindo da observação das relações cotidianas neste espaço. Busca-se identificar como os ribeirinhos, mercadores e trabalhadores do Igarapé da Fortaleza articulam-se e constroem instituições próprias que permitem o intercâmbio entre cidade e interior. Espera-se como resultado:  levantamento de informações sobre a formação histórica do Igarapé da Fortaleza, examinando a configuração populacional; verificação de como as famílias migradas do interior se adequaram e habitam no meio urbano e suas estratégias de identidades; entre outros.

PALAVRAS-CHAVE: Antropologia Econômica, Populações Ribeirinhas, Identidade, Estrutura Social.
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1. Cientista Social (UNIFAP). Mestrando em Desenvolvimento Regional (UNIFAP). Trabalho Orientado pelo Profº. Dr. José Maria da Silva (UNIFA).
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2.5 – MENINOS ROSA, MENINAS AZUL
Heryka Cruz Nogueira¹
Idelta Bianca de Sousa Diniz²
RESUMO: O presente projeto intitulado Meninos Rosa, Meninas azul tem como objetivo mapear conceitos e preconceitos na representação do imaginário coletivo da comunidade universitária relativas a gênero e diversidade sexual para conhecer de modo mais efetivo a realidade universitária para viabilizar meios que assegurem o respeito à dignidade dos cidadãos brasileiros. A investigação empírica será realizada na Universidade do Estado do Amapá, e serão utilizados os  seguintes instrumentos de pesquisa: entrevistas semi-estruturadas,  roteiro de entrevista com formulários para professores e coordenadores, Roteiro de observação não participante através de check list e questionários fechados. O público alvo da pesquisa serão os acadêmicos das licenciaturas, os professores e os coordenadores dos cursos. Para entender as tensões sobre o reconhecimento de direito às diferenças, será preciso investigar os conceitos de gênero e sexualidade. Os resultados têm a pretensão de contribuir para descortinar os conceitos e preconceitos que repercutem no discurso universitário sobre o respeito aos direitos e diferenças sexuais assim como à identidade de gênero.

PALAVRAS-CHAVE: Educação. Gênero. Formação inicial de professores. Sexualidade
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1.  Pedagoga, Mestranda em Ciências da Educação, Profª. da Universidade do Estado do Amapá - UEAP. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa sobre Direitos Humanos, Multiculturalismo e Diversidades - CNPq/UEAP.
2. Pedagoga, Historiadora e Mestre em Educação, Profª.  da Universidade do Estado do Amapá - UEAP. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa sobre Direitos Humanos, Multiculturalismo e Diversidades - CNPq/UEAP.
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2.6 – EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA SOCIAL: UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO LOCAL
Adirleide Greice Carmo de Souza¹
Adelma das Neves Nunes Barros-Mendes²
RESUMO: O texto apresenta resultados parciais da pesquisa “A educação ambiental como política social: uma estratégia de reação social à pesca predatória e de desenvolvimento local do município de Pracuúba-AP”, a qual vem sendo desenvolvida desde 2010, tendo como objetivo aplicar e avaliar como a Educação ambiental, enquanto política social, pode contribuir para reação social à pesca predatória e para o desenvolvimento local do município de Pracúba, através do método etnográfico, pesquisa ação, e técnicas quantitativas e qualitativas de coleta de dados. O lócus da pesquisa é o município de Pracuúba, situado na região dos lagos no leste do Amapá. Os sujeitos envolvidos são pescadores cadastrados na Colônia de Pescadores do município. Como resultado preliminar constatou-se, que a pesca predatória é uma problemática da Costa Atlântica amapaense que abrange 10 municípios, onde a região mais afetada, segundo mapeamentos do IEPA (Instituto de Estudos e Pesquisa do Amapá) é a região dos lagos, da qual, o município estudado faz parte. No município a pesca predatória é agravada pela falta de fiscalização do poder público, e, além disso, também é agravada pela aceitação da comunidade, sobretudo, por falta de informação e saberes de como evitar (IEPA, 2010). Percebe-se a Educação Ambiental como uma possível alternativa de reação a pesca predatória, a qual, desde a Declaração de Estocolmo, 1972, vem sendo tratada como um desafio maior para se promover a sustentabilidade do desenvolvimento, e enquanto política social, que tem como premissa a formação de cidadãos conscientes e participativos, que reivindiquem seus direitos na sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Educação ambiental, socioambientalismo, sustentabilidade.
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¹ Mestranda em Direito Ambiental e Políticas Públicas pela Universidade Federal do Amapá, Socióloga, graduanda em Direito.
² Orientadora, Doutora em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem pela PUC/SP, professora adjunto I da Universidade Federal do Amapá. Atualmente é professora do Programa de pós-graduação em Direito Ambiental e Políticas Públicas e Pró-reitora de graduação da Universidade Federal do Amapá.
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